Teotitlán del Valle, ou como é chamado na língua local (Zapoteco do Vale), Xigiæ, é uma comunidade indigena zapoteca localizada no estado de Oaxaca, México. O nome Xigiæ pode significar “onde as luzes dançam” ou “dia de feira.” Esta comunidade se destaca como um centro econômico para comunidades vizinhas, com festas patronais excepcionais e cheias de alegria. A tranquilidade e a paz em Teotitlán são incomparáveis, graças à organização que evolui continuamente para atender às necessidades da comunidade.

Autor: Gabino Damián Jiménez Martínez

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Acredita-se que Teotitlán del Valle seja uma das comunidades originárias mais antigas, possivelmente um dos primeiros assentamentos zapotecas. Apesar da passagem do tempo, a comunidade manteve sua autenticidade. No entanto, como todas as comunidades indígenas, Teotitlán del Valle foi impactada e assimilada pelo processo de colonização, que persiste até hoje. Ainda assim, integrou sua própria identidade em todos os aspectos de sua estrutura.

Um dos aspectos mais alterados durante a colonização foi o abandono dos sistemas sociais, políticos e administrativos tradicionais. As comunidades indígenas no México tiveram que abrir mão dessas tradições milenares para se assimilar ao federalismo e à homogeneização da nação. Esse esforço para criar uma nação unificada minimizou a rica diversidade cultural e étnica do México.

As comunidades indígenas mantiveram uma organização peculiar, mesclando a tradição romana (devido à natureza do sistema jurídico mexicano), a religião e o federalismo mexicano. Cada comunidade integra esses elementos de forma diferente, de acordo com sua identidade cultural, mas todos estão presentes nos sistemas indígenas. Este texto exemplifica essa experiência com base em Teotitlán del Valle.

A Assembleia, uma figura originada na tradição romana, é a autoridade máxima em Teotitlán del Valle e, sem dúvida, na maioria das comunidades indígenas. É na Assembleia que se tomam as decisões mais importantes e se nomeiam os principais cargos da administração pública, como o Presidente Municipal, Conselheiros, Comitê de Água, Comitê da Igreja Católica, Comitê de Prevenção de Incêndios e outros cargos relevantes.

O sistema de cargos desenvolvido pelas comunidades indígenas varia, mas em Teotitlán del Valle, os cargos são honorários. Não existe a chamada “carreira política,” onde indivíduos se dedicam exclusivamente à política. Em Teotitlán, todos os cidadãos são atores políticos. Qualquer pessoa pode participar de um comitê escolar ou se tornar Presidente Municipal, dependendo de sua honra, integridade, tradição familiar e, acima de tudo, amor genuíno por sua comunidade. O sistema também inclui uma hierarquia, onde uma pessoa deve ter exercido pelo menos cinco cargos comunitários de forma satisfatória antes de se tornar Presidente Municipal.

Este sistema está em constante evolução, especialmente devido às exigências federais. Por exemplo, a introdução do cargo de “suplente” foi uma exigência do Estado mexicano. Agora, os suplentes devem comparecer a todas as reuniões, independentemente da presença do titular. Isso reflete a importância que os cidadãos dão a seus cargos. Como disse uma Suplente de Educação: “Não posso faltar às reuniões, porque, se faltar, não saberei o que está acontecendo e não poderei tomar decisões informadas.”

Outra mudança significativa tem sido a paridade de gênero e a participação política das mulheres. Infelizmente, isso tem sido reduzido a cotas (como a divisão 50/50). Nas comunidades indígenas, essa paridade mal implementada levou à inclusão de mulheres apenas para cumprir cotas, sem considerar como as famílias funcionam nessas comunidades. Foram até criados cargos especiais para mães solteiras. Essas medidas impostas pelo Estado perpetuam a violência sistêmica contra as mulheres, aumentando sua carga de trabalho e pressão social. Além de cuidar da família, elas precisam cumprir um cargo imposto. Esses temas precisam ser analisados mais profundamente, começando pelo entendimento das comunidades indígenas a partir do núcleo familiar.

Finalmente, como mencionado, esses cargos estão em constante mudança para melhorar a comunidade. Tenho orgulho de compartilhar que recentemente fui nomeado para um cargo comunitário como primeiro superintendente do centro de reflorestamento – um cargo tradicionalmente reservado para anciãos ou pessoas com experiência anterior. No entanto, esse papel foi confiado a um jovem universitário. Os jovens estão se integrando gradualmente à vida comunitária, e, embora nossas vozes muitas vezes tenham sido ignoradas por suposta inexperiência, essa nomeação marca uma mudança significativa.

As comunidades indígenas continuam buscando equilíbrio e esperam que seus sistemas normativos sirvam de exemplo para outras comunidades. Por meio da organização social e comunitária, é possível alcançar realizações incríveis.