Com uma visão sistêmica, Jonas revitaliza a Terra Indígena Araribóia ao liderar projetos de meliponicultura, reflorestamento e agrofloresta, unindo tradição e inovação para fortalecer sua comunidade e proteger a biodiversidade.
Autora: Ivi Pauli
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Com uma visão que conecta a sabedoria ancestral às necessidades contemporâneas, Jonas Lima Guajajara está transformando a relação entre sua comunidade e o território. Como primeiro técnico agroecológico indígena da região, ele combina conhecimento tradicional com práticas inovadoras para enfrentar desafios e fortalecer a conexão de sua comunidade com a terra.
Desafios e riquezas na Araribóia
A Terra Indígena, localizada no Maranhão, abrange aproximadamente 413.288 hectares e é habitada por cerca de 15 mil indígenas, principalmente do povo Guajajara, distribuídos em diversas comunidades. É uma região marcada pela riqueza de sua biodiversidade, com uma vegetação que integra os biomas Amazônia e Cerrado, além de ser lar de espécies nativas essenciais para o equilíbrio ambiental.
O pequi, bacuri, buriti, jaborandi e o açaí, são pilares do equilíbrio ecológico e do sustento das comunidades locais. A presença de abelhas nativas sem ferrão, fundamentais para a polinização, reforça a riqueza desse ecossistema. Essas espécies são integradas a práticas como o uso de sementes crioulas e sistemas agroflorestais, onde cultivos como mandioca e feijão convivem com árvores nativas, regenerando áreas degradadas e fortalecendo a segurança alimentar da população.
Apesar dessas riquezas, o território enfrenta desafios significativos. Queimadas devastadoras, desmatamento ilegal e invasões de terras ameaçam tanto o meio ambiente quanto as comunidades que nele vivem. Somam-se a isso fatores como longos períodos de seca, falta de sistemas de irrigação e barreiras burocráticas, que dificultam o pleno desenvolvimento da região.
Nesse cenário, Jonas Lima Guajajara desponta como uma liderança comprometida com a proteção e regeneração do território. Ele trabalha para garantir segurança alimentar, autonomia econômica e fortalecer a conexão de sua comunidade com a terra, demonstrando que, mesmo diante das adversidades, a riqueza do território continua sendo um ponto de partida para a transformação.
Um líder em expansão e a resistência em rede
Coordenador do Hub da Rede Meli na Terra Indígena Araribóia, Jonas foi, ainda, integrante dos Guardiões da Floresta, um grupo que protege o território contra invasões e desmatamento ilegal, e do programa Maranhão Verde, que incentiva práticas de conservação ambiental.
Sua jornada na Meli começou com uma paixão profunda pelas abelhas nativas sem ferrão, cuja importância para a biodiversidade e para a regeneração do território ele reconheceu desde cedo. À frente do projeto Ma’eputyr, Jonas promove a meliponicultura, o reflorestamento e agroflorestas produtivas, integrando o cuidado com a natureza ao fortalecimento cultural.
“Meu avô sempre dizia que a terra nos dá tudo o que precisamos, mas só se cuidarmos dela. É nisso que acredito.”
Jonas Guajajara
Com sua equipe, Jonas enfrenta desafios como secas prolongadas e áreas degradadas, transformando cada iniciativa em um passo rumo à autonomia local. “Cada muda que plantamos, cada abelha que protegemos, é um lembrete de que estamos construindo algo maior. É um trabalho que exige paciência, mas traz esperança”, reflete.
Suas ações inspiram jovens Guajajara a se envolverem no cuidado com a terra e na preservação de suas tradições. Ele acredita na força do coletivo para construir um futuro resiliente. Sua trajetória na Meli é um exemplo de como liderança, dedicação e visão podem transformar não só um território, mas toda uma rede que cresce conectada pela vontade de gerar impacto positivo.
“Quando vejo nosso time trabalhando junto, sei que não estamos só lidando com os problemas de hoje. Estamos criando um caminho para os jovens, mostrando que há força e valor em quem somos e no que fazemos.”
Jonas Guajajara
Jonas nos mostra que transformar um território vai além de enfrentar desafios ambientais — é sobre reimaginar como comunidades podem se reconectar profundamente com sua terra e construir seu futuro. Sua atuação na Meli inspira uma visão de desenvolvimento em que cuidado com o território e inovação social caminham lado a lado, abrindo novas possibilidades para comunidades.
Apoiar sua equipe é investir em processos que unem saberes tradicionais e tecnologias regenerativas, gerando respostas corajosas e eficazes para os desafios de hoje. Cada colaboração fortalece esse movimento, provando que a transformação emerge onde raízes sólidas encontram ideias renovadoras.
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