De Sápmi ao Mato Grosso do Sul: Nossa viagem ao coração do Território Guarani

Luiz Felipe Guarani e Sof’ Elle Beaivvi Mira, da região de Sápmi, embarcaram em uma viagem enriquecedora até o coração do território Guarani no Mato Grosso do Sul, que se estendeu de 11 a 20 de abril de 2024. Sua missão? Ajudar a comunidade Guarani em Amambai na criação de um instituto destinado a coordenar projetos dentro de sua aldeia.

Autora: Sof’ Elle Beaivvi Mira

Read in English

Nossa aventura começou em 11 de abril com um voo matinal para Campo Grande, a capital do estado. Chegando de manhã, alugamos um carro para nossa expedição. Naquela noite, fomos acolhidos na casa de um amigo, nos preparando para a jornada à frente. Na manhã seguinte, traçamos nosso curso em direção ao sul, rumo a Dourados, uma jornada de três horas e meia.

Após chegarmos em Dourados, mais uma vez nos hospedamos na casa de um amigo. No dia seguinte, visitamos Laranjeira Nhanderú, uma Retomada perto de Rio Brilhante. Lá, encontramos membros da aldeia. Quando chegamos ao território, fomos recebidos com muita alegria e preparação. Toda a comunidade estava envolvida na preparação das Oga Pysy, casas cerimoniais Guarani e Kaiowá que desempenham um papel fundamental nas práticas cerimoniais, para as festividades que seriam realizadas na semana seguinte, demonstrando a luta e resistência dos povos indígenas no Brasil, tradicionalmente comemorada em 19 de abril. Passamos o dia comendo churrasco, pintando e nos conhecendo. À noite, voltamos para Dourados.

Em um domingo chuvoso à tarde em Dourados, também visitamos o tio de Luiz, Anastácio Peralta, que mora em Xiru Karai na aldeia de Panambizinho. Lá, fui apresentada ao Tekoha onde Anastácio vive e trabalha na terra, plantando e estudando. Ele gosta de chamá-lo de laboratório vivo ou universidade indígena livre. Em Xiru Karai, Anastácio está fazendo seu doutorado em Tecnologia Espiritual Kaiowá e Guarani. Conforme ele envelheceu, voltou aos estudos e hoje é uma referência no conhecimento ancestral Kaiowa, usando metodologias científicas da academia.

Nosso próximo destino foi Amambai, a duas horas de carro ao sul de Dourados, perto da fronteira com o Paraguai. Em Amambai, fomos à aldeia conhecer a família de Janete e Elizeu Lopes. Nosso plano era ajudá-los a resolver a burocracia da associação. Passamos uma noite na aldeia Amambai dormindo em redes. Antes de dormir, acompanhados pela bela lua e céu estrelado, trocamos conhecimentos sobre os processos de demarcação e garantia de territórios tradicionais Kaiowá, Guarani e Sámi.

No dia seguinte, nosso trabalho continuou. Realizamos uma reunião comunitária na aldeia Amambai, onde os membros da aldeia puderam discutir sobre o instituto e seus objetivos. Depois das discussões, almoçamos juntos. Na mesma noite, também fomos à Universidade UEMS com um convite da professora Célia Foster. Ela nos convidou para sua aula para falar sobre nossa viagem e dar uma introdução sobre meu povo, os Sámi: um povo indígena ártico de Sápmi, no norte da Europa. Durante a aula, pudemos trocar conhecimentos indígenas sobre territórios, organizações políticas e cosmologias. Foi uma ótima conversa entre estudantes indígenas em seu último ano de graduação em Ciências Sociais e Antropologia Social.

Nos últimos dias em Amambai, estivemos ocupados ajudando Janete e Elizeu a organizar a instituição e abrir uma conta bancária, pois há muita burocracia envolvida: estávamos tentando colocar todos os documentos e assinaturas no lugar e acabamos tendo que visitar o banco várias vezes. Felizmente, no final, tudo deu certo e valeu a pena a luta.

Em nossa última noite, em 19 de abril, visitamos a Retomada Kurusu Ambá, onde organizamos mais uma vez um churrasco para comemorar o Dia Nacional dos Povos Indígenas no Brasil. Este foi um intervalo muito necessário junto com o prazer de ter completado uma semana trabalhando com Janete e Elizeu nas resoluções burocráticas do instituto Yvy Marane’i (Instituto Terra sem Males). Depois do jantar, também pudemos participar de uma cerimônia tradicional de nomeação Guarani. Esta foi uma experiência linda e verdadeiramente inesquecível que compartilhamos com a comunidade, cantando e dançando juntos.

Eventualmente, todas as coisas boas chegam ao fim, e assim foi nossa incrível viagem. Na mesma noite, começamos a voltar para Campo Grande, onde chegamos pela manhã para pegar nosso voo à tarde. Voltamos para casa com muitas memórias lindas e nossos corações cheios de tanto amor e carinho das pessoas que encontramos durante esta viagem.

Your donation can have a positive impact on the world!
Subscribe to receive our Newsletter!
Find us also at LinkedinFacebookTwitter or Instagram
www.meli-bees.org
❤️

One Reply to “De Sápmi ao Mato Grosso do Sul: Nossa viagem ao coração do Território Guarani”

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *