As raízes mais antigas das abelhas estão no sul do planeta, mas como é possível descobrir essa informação? 

Uma pesquisa recente, liderada pelo Dr. Eduardo Almeida, professor da Universidade de São Paulo, investigou a genética das abelhas atuais e de outras espécies mais antigas que foram conservadas, os fósseis. Utilizando essa base de dados, os pesquisadores conseguiram entender a história de vida dessas abelhas e de onde elas surgiram. Esse tipo de estudo é muito importante para que possamos entender a biodiversidade ao nosso redor e conservar essas abelhas.  

Autora: Ana Paula Cipriano

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As primeiras abelhas viviam na América do Sul e na África há muito tempo, mais de 120 milhões de anos. Nós chamamos essas abelhas de ancestrais, já que elas originaram a grande diversidade de abelhas que nós vemos hoje em nossos jardins. No início, as abelhas estavam apenas no hemisfério sul da terra e, devido a modificações nas massas terrestres ao longo de milhões de anos, elas foram capazes de se espalhar para o norte também. 

Abelha fóssil muito bem preservada do Cariri, Ceará
Abelha fóssil da formação Crato, Ceará
BECHLY, G. (Ed.) (2001): Ur-Geziefer. Die faszinierende Evolution der Insekten. 93 pp;Stuttgarter Beiträge zur Naturkunde; Serie C –Wissen für alle, Heft 49, Stuttgar

Nessa pesquisa, os cientistas não só descobriram quando e como as abelhas se espalharam para diferentes partes do mundo, mas também o significado dessa história tão interessante. É como juntar as peças de um quebra-cabeça. As abelhas prestam um serviço ecossistêmico essencial, já que ajudam as plantas a se multiplicarem e a enriquecer a biodiversidade de cada local. Por isso, algumas regiões do mundo têm muitas abelhas e também muitas flores, porque elas têm mantido essa relação há muito tempo.

Reconstrução da posição dos continentes nos últimos 200 milhões de anos. Cerca de 130 milhões de anos atrás, o supercontinente Pangea começou a se separar e os continentes se separaram.

O artigo nos ajuda a entender o porquê de algumas regiões do mundo terem uma maior diversidade de abelhas e de plantas do que outras. Por exemplo, dentro da Austrália, algumas áreas possuem muitas abelhas e plantas diferentes, enquanto em outras regiões do país essa diversidade cai drasticamente, enfatizando a importância da relação entre a flora e a diversidade das polinizadoras. A distribuição das abelhas dentro da Austrália pode ser explicada olhando para o passado, há muito milhões de anos. Quando ainda havia uma conexão entre a América do Sul e a Austrália, pela Antártica, foi possível ocorrer essa migração das abelhas, somente para alguns locais do país.

As abelhas desempenham um papel essencial como polinizadores, e o trabalho científico destaca que a sua migração para diferentes lugares e épocas influenciou a biodiversidade de cada local. Nesse sentido, a diversidade de cenários desempenhou um papel importante na formação das relações entre polinizadores e grupos de plantas ao longo da evolução. Reconhecendo a importância da polinização, é necessário considerar a preservação das abelhas visando a restauração do meio ambiente. Além da manutenção da biodiversidade, a polinização também está associada a uma maior produção de alimentos e a criação de abelhas pode gerar produtos muito rentáveis para os produtores, como o mel e a própolis. 

Portanto, a conservação das populações de abelhas é essencial para garantir a reprodução das plantas e a sobrevivência de ecossistemas saudáveis. E, pensando na diversidade brasileira, as abelhas sem ferrão são um grupo muito variado, mantendo relações importantes com a flora dos diferentes biomas, além de serem a grande inspiração da Meli. Para conhecer mais sobre os nossos projetos focados na meliponicultura e na regeneração ambiental em diferentes biomas brasileiros, continue acompanhando as atualizações no nosso blog.  

Referência: ALMEIDA, Eduardo AB et al. The evolutionary history of bees in time and space. Current biology, 2023. 

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