As abelhas sem ferrão são espécies essenciais à manutenção da floresta amazônica e fonte viável de renda para produtores locais. Conheça agora algumas características da atividade.

Autor: Daniela Ribeiro
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É conhecida a grande importância que as abelhas possuem para o planeta Terra devido sua grande contribuição com a polinização, possibilitando tanto a sucessão de espécies vegetais, quanto fonte de alimentos para animais e seres humanos. E dentro desse grande grupo, existem as abelhas nativas sem ferrão, conhecidas por esse termo graças ao seu ferrão atrofiado que as incapacitam de ferroar, e que estão amplamente distribuídas em regiões tropicais do Planeta, como o Brasil por exemplo, que apresenta uma ampla diversidade de abelhas nativas.

Também são conhecidas como abelhas indígenas devido ao costume que populações indígenas tinham em manejar e utilizar os recursos obtidos por meio delas, principalmente o mel, como fonte alimentar e de forma mais recorrente de forma terapêutica. Entretanto, atualmente, o manejo de abelhas sem ferrão não é uma atividade restrita apenas às tribos indígenas, mas as abelhas indígenas, ao longo dos anos, foram ganhando grande destaque, consolidando sua criação racional por várias pessoas, atividade essa chamada de Meliponicultura.

Existem inúmeros benefícios associados à Meliponicultura, como por exemplo o fortalecimento e incentivo da conservação ambiental, uma vez que com a criação racional dessas espécies diminui as práticas exploratórias que consistiam na destruição de ninhos existentes na natureza para retirada do mel, prática essa que pode colocar em risco a existência de muitas espécies.

Ao contrário da atividade exploratória, a criação racional consolida a conservação das espécies por meio do conhecimento adquirido sobre cada uma delas, bem como sua multiplicação garante a presença desses indivíduos no meio ambiente, possibilitando que exerçam também as suas funções ambientais, como a polinização. Além do benefício ao meio ambiente, existem também os benefícios econômicos voltados para quem as cria, os chamados meliponicultores.

A atividade possibilita retorno financeiro ao criador com a comercialização de produtos oriundos da criação como o mel, produto diferenciado em relação ao mel de abelhas africanizadas e diferente também de acordo com cada espécie de abelha nativa, sendo o recurso de maior interesse pelos produtores, apesar da possibilidade da comercialização de outros produtos como o pólen e a cera, por exemplo.

Há uma significativa diferença entre o mel de abelhas nativas e o de abelha com ferrão não só no que se refere às características físico-químicas, mas também em relação ao volume de produção que é relativamente menor na meliponicultura. Entretanto, devido à qualidade do mel de abelhas sem ferrão e seus grandes benefícios terapêuticos que vem sendo amplamente estudados, esse produto possui maior valorização econômica em relação ao mel de Apis mellifera, sendo até considerado um mel gourmet usado não só para fins medicinais, como também na culinária, ampliando os possíveis meios de escoamento do mel obtido na atividade.

É possível também haver retorno financeiro a partir da venda da própria colmeia para outros meliponicultores ou até para pessoas que pretendem criar em casa como um Hobbie. É importante salientar que o manejo adotado na criação de abelhas sem ferrão será diferente de acordo com o objetivo de produção do criador, se é produção de mel ou multiplicação, pois o manejo adequado para cada propósito produtivo irá fortalecer a produção com maior garantia de sucesso na atividade.

A meliponicultura também consiste numa atividade de fácil manejo comparada com a apicultura. Isso se deve principalmente ao fato de as abelhas nativas não ferroarem, não havendo necessidade então de roupas de proteção e nem de grandes distâncias para instalação das caixas de criação, já que não há riscos de acidentes envolvendo ferroadas. Dessa forma, é possível que haja criação não só no ambiente rural, mas também no ambiente urbano, verificando e proporcionando sempre fonte de alimento como floradas para que as abelhas possam apresentar um bom desenvolvimento e produção, de acordo com o objetivo do criador, financeiro ou apenas para obter bem-estar por meio da atividade.

Algo que deve ser verificado com cuidado é a escolha das espécies a serem criadas. Há uma grande diversidade de espécies no Brasil, com algumas ocorrendo especificamente em algumas regiões em relação a outras e adaptadas a elas. Diante disso, no ato da aquisição da espécie é recomendado que seja manejada uma que já ocorre na região, uma vez que esta já é adaptada ao meio, em vez de introduzir espécies de outras regiões que, em sua grande maioria, não se adaptam ou expressam o mesmo potencial produtivo por não estarem em suas condições ideais de ambiente.

A meliponicultura é uma atividade que gera grandes benefícios, mas que ainda precisa ser mais fortalecida por meio de estudos, regularizações e apoio técnico aos meliponicultores. Mas também é uma excelente ferramenta de educação ambiental, pois o futuro e sustentação do nosso planeta dependem fortemente desses pequenos seres vivos, que apesar do tamanho, são gigantes naquilo que fazem pela humanidade.