Oficina de Agrofloresta na aldeia Zutiwa 

A experiência da Oficina em Sistemas Agroflorestais na aldeia Zutiwa mostrou como a agrofloresta pode ser uma ferramenta a autonomia de comunidades ao inspirar um olhar com ainda mais atenção para a riqueza da natureza que as cerca. 

Autores: Ana Rosa, Rafael Lopes e Paulo Henrique Nenevê
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Durante os dias 14 a 16 de setembro de 2023, a aldeia Zutiwa, situada no território Araribóia, Maranhão, foi o palco de uma Oficina em Sistemas Agroflorestais. O evento foi organizado por lideranças da aldeia Zutiwa em parceria com a Meli Bees Network gUG e facilitado por especialistas da Rizosfera Consultoria Agroflorestal. A aldeia Zutiwa, com aproximadamente 1.200 moradores, é a maior aldeia de um território que fica localizada no “arco do desmatamento”, em uma área de transição entre a Amazônia e o Cerrado, cercado pela monocultura e ameaçado por incêndios florestais, deixando o território Araribóia como uma ilha de resistência e preservação da biodiversidade.

Mesmo com algumas inscrições afetadas pelos incêndios florestais, o evento contou com a presença de representantes de 9 aldeias do território Araribóia (Zutiwa, Crioly, Abraão, Buritirana II, Portugal, Formiga, Barreirinha, Vargem Limpa e Ipiranga), além de membros de 3 outras comunidades indígenas (Terena, Krahô e Suruí Aikewara) e 6 comunidades não-indígenas (Frei Henri, Campo de Perizes, PDS Roseli Nunes, Nova Canaã, Deus te Ama e Dalcídio Jurandir). Um total de 54 pessoas, vindas dessas 18 comunidades, se reuniram para aprender mais sobre práticas agroflorestais. 

A tecnologia compartilhada durante a oficina trabalha visa a produção que combina plantios de culturas comerciais com espécies florestais e de serviço, se inspirando na diversidade da natureza. Essas combinações de plantas evoluem no tempo e no espaço, em busca de maior produtividade, maior resistência ecológica e principalmente visando regenerar os recursos naturais, especialmente os mais vitais para produção como fertilidade do solo e água. 

Esse texto dará uma visão geral de como isso foi repassado durante a oficina. 

Primeiro dia 

O pátio de uma escola local serviu como o ponto de partida dos encontros da oficina nos próximos dias. No primeiro encontro, os participantes se apresentaram juntamente com mímicas de seus animais preferidos, espontaneamente compartilhando também um pouco sobre a relação que eles têm com a fauna local. Foi uma dinâmica leve que criou um ambiente alegre e descontraído que permaneceu como base de todo o evento.

Em seguida iniciamos uma dinâmica chamada marco lógico, onde o objetivo da mesma foi tornar comum a realidade do território, bem como trazer para todos uma perspectiva do modo de vida indígena no passado, o quanto este modo de vida foi alterado nos últimos anos, consequência da influência do não indígena, que de forma proposital enfraqueceu toda a resistência indígena, utilizando o assistencialismo como ferramenta para este enfraquecimento cultural e agrícola. A partir desta realidade avaliamos qual perspectiva de futuro tem se desenhado caso não tomemos alguma atitude, principalmente no resgate a ancestralidade, e quais ações deverão ser tomadas para que o modo de vida indígena seja retomado e toda resistência seja fortalecida com estas ações. “O futuro é ancestral” 

Para esta dinâmica utilizamos como referência o Rio Zutiwa representado graficamente na lousa, e dividimos o mesmo em três partes: passado, presente e futuro. Onde no passado foi relatado como pontos chave, a soberania alimentar, alta expectativa de vida e modo de vida preservado. No presente encontramos a alimentação não indígena, com os ultraprocessados, como principal pilar de enfraquecimento cultural e relacionada a problemas de saúde relatados por participantes de diferentes comunidades indígenas, mas que eram inexistentes no passado, como diabetes e pressão alta. Em meio a tudo isso, eles descreveram também a evasão dos territórios em consequência do enfraquecimento cultural, gerando uma grande ameaça a manutenção do modo de vida indígena.  

Para o futuro criamos uma bifurcação no rio trazendo duas possibilidades de futuro: uma se seguirmos nesse mesmo processo sem nenhuma mudança ocasionando no agravamento da situação relatada no presente e a outra se fizermos o resgate cultural indígena através da agricultura e alimentação fortalecendo a resistência indígena. Sobre essa decisão, o Vavá Terena, educador indígena e participante da oficina, comenta: “Temos a consciência, baseada nas sabedorias ancestrais, de que a cura da sociedade atual e o futuro saudável só será possível se olharmos a terra como parte de nós, como mãe, e, todo meio ambiente como nossos irmãos, assim como nossos corpos e nossos espíritos. Só assim oferecemos uma vida saudável para as futuras gerações.”

Além do alicerce agroflorestal compartilhado durante a oficina, foi compartilhada outra tecnologia de produção de alta eficiência e baixo custo: o método JADAM de produção orgânica. Com receitas que fortalecem a microbiota do solo utilizando materiais de fácil acesso para as comunidades, esse método busca devolver aos produtores e produtoras agrícolas as ferramentas de manejo de solo, nutrição e controle de pragas e doenças, conferindo mais autonomia, resistência e eficiência produtiva. Logo no primeiro dia utilizamos esse método para preparar um JMS (JADAM Microbial Solution) e que foi usada ainda durante a oficina. 

Segundo dia 

O material orgânico como exemplo de riqueza disponível e sua ótima utilização foi o tema principal do segundo dia de atividades. Foi discutido o uso do fogo e seus impactos, contrapondo com as possibilidades de trabalho sem fogo e todos os benefícios que se seguem. Foram também abordados os fundamentos de podas e de intervenção de renovação em talhões com vegetação secundária, ressignificando e demonstrando o potencial benéfico de uma atividade tradicionalmente predatória – o corte indiscriminado de árvores, substituído por podas de sincronização e plantio adensado de espécies florestais. Além disso, o grupo viu a importância da abundância de sementes, já presente na terra indígena Araribóia. 

Na sequência prática, os participantes se dividiram em três grupos de acordo com o interesse de cada um: (1) Poda e Organização da Matéria Orgânica, (2) Preparo do Solo e (3) Colheita de Sementes.

– Poda e organização da matéria orgânica:

O grupo coordenado por Paulo Henrique Nenevê se reuniu na área previamente selecionada pela liderança Guajajara para o estabelecimento do Sistema agroflorestal. Lá, o grupo foi dividido em equipes que se dedicaram na organização do material orgânico disponível, favorecendo sempre as linhas de árvores e culturas mais exigentes, de modo a facilitar a decomposição e rápida recuperação do solo. 

– Preparo do solo:

Rafael Lopes liderou o grupo de trabalhou com o preparo da área escolhida para a implantação do modelo agroflorestal. Os participantes afastaram a matéria orgânica que estava sobre a futura linha de árvores, e afofaram o solo manualmente (enxadão e enxada), tomando o cuidado para ao máximo para não revolver as camadas do solo, após isso fizemos berços a cada 1 metro (berços de 40x40x40cm), prevendo o plantio das mudas que iriamos selecionar após a estruturação do arranjo. A proximidade dos dois primeiros grupos permitiu grande interação entre eles. 

– Colheita de Sementes:

A Ana Rosa reuniu o grupo responsável pela coleta de sementes, que foi guiado pelas próprias participantes, em sua maioria mulheres Guajajara do território Arariboia. O grupo foi visitando vários quintais da comunidade e encontrávamos grande biodiversidade, mostrando a grande riqueza que a aldeia Zutiwa já tem de sobra. Encontramos também anciões Guajajara, felizes com a atividade que estava sendo realizada e orgulhosos de seus quintais. A Patrícia Guajajara, professora, moradora da aldeia Zutiwa e participante da oficina, nos disse “eu fiquei impressionada naquele dia. Foi uma ação muito simples, pertinho de casa, mas que nos fez olhar ao nosso redor e ver a riqueza da nossa natureza.” 

Após a colheita, o grupo teve boas conversas enquanto preparava as sementes para uso. “Quando a ação acontece em coletividade, e se torna mais fácil ainda”, pontuou a Patrícia. As conversas giraram sobre as experiências que as participantes tinham com cada semente ou planta, lembrando a grande riqueza dos seus quintais. A Patrícia destacou, “essa ação vem a partir de nós mesmos, do próprio membro da comunidade. Fortalece mais ainda o amor que nós temos pela nossa natureza. É cuidar, preservar e proteger.” 

Coletar sementes no território é suma importância para o desenvolvimento do projeto, pois as sementes coletadas estão adaptadas as condições edafoclimáticas do território. A coleta possibilita também o exercício da observação e compreensão de como as espécies se relacionam, estruturam e desenvolvem, e este conhecimento pode ser replicado nas áreas de cultivo, além da autonomia para os plantios da aldeia. 

– Retorno ao Grupo

Quando os grupos retornaram, eles encontraram no chão uma grande quantidade de sementes crioulas trazidas pelos participantes e sementes na atividade anterior. Os participantes se reuniram em torno desse lindo arranjo e foram convidados a falar sobre as sementes e a planta guardada nela.

Esse momento foi muito potente não apenas por facilitar o desenho da agrofloresta inspirado no comportamento das plantas na floresta, mas também para testemunhar a riqueza da sabedoria indígena. Os participantes compartilharam também sobre como a fruta, semente ou casca da planta é utilizada. Foram usos muito variados, mostrando que a biodiversidade é chave também para o combate a diversas doenças, para a alimentação da comunidade e de caças, para rituais e festas tradicionais, para a fabricação de biojóias, e muito mais.

Com base nas sementes disponíveis, foi elaborado um arranjo agroflorestal, utilizando como base para construção do desenho, a demanda e interesse da aldeia, bem como o resgate das práticas e espécies utilizadas no passado. Neste arranjo foram consideradas mais de 30 espécies entre culturas de ciclo curto como feijão guandu, abobora, macaxeira, mamão, banana e culturas de ciclo longo como açaí, bacaba, buriti, caju, cajá, andiroba, jaca, castanha. Para a estruturação deste arranjo levamos em consideração o tempo de vida de cada espécie, bem como a necessidade de luz de cada planta, partindo de uma abordagem onde através da compreensão dos sistemas naturais, tentamos submeter a originalidade das espécies escolhidas. 

Dentro deste desenho criamos linhas de árvores a cada três metros, posicionando uma árvore por metro e entre estas culturas ciclo curto que exercem a função de criadora destas árvores (feijão de porco, mamão, vinagreira, guandu, quiabo e inhame). Entre as linhas das árvores foi estabelecida uma roça tradicional Guajajara, com plantio de milho, fava, gergelim e abobora. Este tipo de arranjo possibilita o plantio de árvores de interesse indígena, e as culturas de roça que são a base da alimentação indígena.

Terceiro dia e Planejamento Futuro 

Começamos o terceiro dia já indo para o campo. Visitamos a casa do Francisco Neto Guajajara, que produziu algumas mudas com sementes locais que foram doadas para compor a agrofloresta. Francisco foi um dos organizadores do evento, mas não pode participar ativamente do curso, pois é um dos brigadistas à frente do combate contra os incêndios florestais acontecendo no território Araribóia esse ano. Ele apenas apareceu rapidamente no último dia da oficina, emocionado, quando um dos focos de incêndio tinha acabado de ser controlado.

Com as sementes e mudas necessárias, o plantio na área modelo foi feito. Cada grupo ficou responsável por uma atividade. Iniciamos os plantios das espécies maiores como bananeiras e mudas de árvores nativas. Logo após o plantio das mudas, cobrimos os canteiros de árvore com o material da poda e folhas disponíveis no local, depois da cobertura, iniciamos o plantio das sementes de árvore, plantas de ciclo curto e manivas. As sementes das culturas de ciclo curto plantadas nas árvores cumprem uma função estratégica no plantio, onde as mesmas pela sua velocidade de plantio e tempo de vida criam as árvores do futuro. Na sequência, fizemos o plantio da roça tradicional Guajajara na entrelinha, valorizando o resgate cultural agrícola.

Dando prosseguimento ao compartilhamento de elementos do método JADAM, no terceiro dia foi introduzido o conceito de nutrição complementar das plantas no método através dos Adubos líquidos JADAM – JLF (JADAM Liquid Fertilizer). Ferramenta simples e de baixíssimo custo que envolve resíduos diversos e a fermentação em água na presença de microrganismos florestais. Além de apresentar os conceitos foi preparado um tipo de JLF, rico em Potássio, Cálcio, Fósforo e minerais feito a partir de cinzas do fogão a lenha, adicionado água, capim triturado e isca de microrganismos coletados na floresta, para posterior aplicação na área recém implantada. 

O terceiro dia também foi marcado pelo planejamento de atividades futuras. Para isso, começamos reunindo um grupo de participantes Guajajara, para ouvir as demandas, sugestões e planos deles para a continuidade das atividades agroflorestais no território Araribóia. Seguem os principais pontos dessa conversa: 

  • Integrar a escola na continuidade das atividades, 
  • Adquirir materiais para apoio à agrofloresta (cercas, instalação elétrica, bomba de água, caixa d’água, poço, etc.), 
  • Manter a comunicação com a Meli e com os facilitadores da oficina, 
  • Montar grupo de cuidadores da agrofloresta na aldeia Zutiwa, com uma lista e escala, compartilhando responsabilidade dos cuidados, 
  • Desenvolver mais oficinas no território, tanto oficinas iniciais em outras comunidades como na aldeia Abraão, origem de vários participantes bastante ativos, como oficinas de manejo na aldeia Zutiwa, para manter a metodologia agroflorestal da área iniciada, 
  • Oferecer apoio na logística para os participantes de outras regiões dentro da terra indígena, 
  • Montar grupo de “multiplicadores da agrofloresta” dentro do território Araribóia, conectando diferentes regiões, 
  • Registrar informações sobre as sementes, como foi feito previamente durante o evento, mantendo a autonomia da informação com as comunidades, 
  • Estabelecer um meliponário juntamente com a agrofloresta.

Após a conversa entre o grupo Guajajara, nos juntamos com o restante dos participantes da oficina, para ouvir também a perspectiva deles na continuidade das atividades. Os principais pontos levantados foram: 

  • Desenvolver encontros mais próximos de cada comunidade presente,
  • Dar continuidade nas atividades iniciadas nessa oficina,
  • Estabelecer uma rede de sementes crioulas, para fortalecer a soberania das comunidades desenvolvendo agroflorestas (banco vivo de sementes), 
  • Apoiar o registro de entidades criadas pelas comunidades, 
  • Incentivar mais capacitações, 
  • Registrar informações sobre as sementes (novamente mencionado),
  • Estabelecer grupo de “Guardiões da Boa Alimentação” que poderá se fortalecer com o registro das informações sobre as sementes previamente mencionado, 
  • Estabelecer grupo focado na organização de eventos. 

O evento terminou com vários relatos emocionados dos participantes. Lágrimas mostraram a gratidão por uma recepção tão generosa. O Vavá Terena teve uma fala emocionante sobre a recepção Guajajara, mesmo em frente a tantos desafios. A Ana Beatriz, estudante de Engenharia Florestal na Universidade Federal Rural da Amazônia e estagiária da Meli, compartilhou como esse momento foi impactante para sua formação. Thiago Guajajara, vice-cacique da aldeia Zutiwa, falou sobre a importância da atividade para a aldeia e que “a oficina nos faz acreditar ainda mais nos nossos anciões”. Claramente a oficina deixou uma semente importante tanto na aldeia Zutiwa quanto em outros participantes. 

Como lembrança da Oficina, os participantes receberam um calendário idealizado pelo Francisco Neto Guajajara, que além de brigadista, também é meliponicultor e grande observador da natureza. Em um dos nossos encontros entre comunidades, ele nos falou que fez um calendário listando as principais flores visitadas por suas abelhas em cada mês do ano. Todos ficamos encantados com esse feito e pensamos em formar de como o maximizar ainda mais. Com esse objetivo, conectamos o Francisco com outras pessoas que poderiam ajudar nessa missão, de acordo com as suas próprias decisões. A Heloísa Maeoka, bióloga e artista, ilustrou parte das espécies mencionadas pelo Francisco, e a Yasmin Fernandes, designer, montou esse lindo calendário:

Multiplicadores 

A maior prova de que a semente plantada durante a oficina encontrou um solo fértil é ver a semente nascer e os impactos positivos se multiplicarem. Para prover um bom ambiente para essa multiplicação, a Meli trabalha na construção de uma rede de impacto onde os líderes das comunidades podem fortalecer uns aos outros em um espaço onde eles constroem relações de confiança. Como uma forma de manter contato após a oficina, os participantes foram convidados a participar do grupo de WhatsApp geral da Rede Meli. Grupos Guajajara, Suruí, Terena e da comunidade Frei Henri foram alguns dos participantes da oficina que compartilharam fotos e vídeos relacionados com as diferentes técnicas que eles aprenderam durante a oficina e colocaram em prática em suas comunidades. 

Com apenas um dia de intervalo após o seu retorno, o Arukapé Suruí já compartilhou um vídeo de atividades que ele desenvolveu com outros moradores da sua aldeia, colocando em prática técnicas que ele aprendeu durante a oficina. Ele trabalhou com o manejo de condução em bananal e poda de prevenção ao moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus), uma das principais doenças da banana. Essa técnica, juntamente com o método JMS (JADAM Microbial Solution), foi compartilhada em uma oficina que aconteceu na comunidade Frei Henri, onde duas participantes do evento membros da comunidade, Reni e Francisca, lideraram juntamente com a Ana Beatriz. 

O método JMS foi especialmente multiplicado pelas comunidades, que compartilharam ótimos resultados com bastante rapidez. O Vavá Terena disse já ter feito a receita na sua área e já ter sentido mais força na renovação das folhas das suas laranjeiras. Ele disse também que a gravação que ele fez durante a oficina foi bastam útil para lembrar de todos os detalhes da receita. A Elizabete, participante vinda do assentamento Nova Canaã que também já replicou a receita, disse que “as plantas apresentaram vida nova, ficaram mais viçosas”. A Marta Maria, que participou apenas da oficina de multiplicação que aconteceu no Frei Henri, também notou a diferença no seu plantio, como no desenvolvimento do melão e da couve. 

Essa oficina foi um marco para a nossa organização e a experiência irá nos ajudar a fundar as bases da Teia da Terra. Uma Rede de Impacto para fortalecer sistemas agroflorestais por meio de líderes de comunidades que atuam como multiplicadores.

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