Na Mata Atlântica, uma oficina para fortalecer a (re)conexão do povo Guarani Mbya com o cultivo, manutenção e manejo das abelhas Jate’i.
Autores: Ana Rosa de Lima e Luiz Felipe Medina
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Entre os dias 16 a 18 de fevereiro de 2024 aconteceu uma Oficina de Meliponicultura em território Mbya Guarani na aldeia Jejy-ty no município de Iguape/SP, diretamente do Vale do Ribeira no bioma da Mata Atlântica. A oficina foi oferecida por meio do projeto participante do Polinizando a Regeneração: JATA’I RENDÁ – ACENTO DE JATAÍ. O projeto foi de proposição das jovens lideranças Jaqueline Lira e Marcio Silva que atuaram como propositores e articuladores do projeto dentro do território Mbya Guarani. O projeto e toda equipe da Meli foram muito bem acolhidos pelo cacique Leonardo e todas as famílias da Aldeia Jejy-ty durante os dias de formação.
No dia 15 de fevereiro, quando fizemos uma última visita de preparação para a oficina, tivemos boas conversas. Uma motivação para a oficina ficou clara pra gente: a presença da abelha jate’i na cosmologia Guarani. O mel dessa abelha é utilizado como ferramenta de conexão ancestral para batizar as crianças Mbya Guarani. Desta maneira, o mel de Jataí é parte fundamental para que o espírito da criança se revele para os mais velhos nas cerimonias de batismo. O que significa que o mel servirá como ferramenta importante para o espírito da criança que guiará os caminhos daquela pessoa pelo resto de sua vida.
Com o importante papel de facilitar essa oficina, os meliponicultores William Berê, da @duilio_melipo, e Aruak Kopenoty, que desenvolveu um projeto de meliponicultura com o Polinizando a Regeneração em seu território anteriormente e agora pode compartilhar seu conhecimento com amigos indígenas que estão começando a trabalhar com as abelhas. Os dois formadores demonstraram bastante sensibilidade e abertura para explicar as técnicas de cultivo da abelha Jataí. Foram trocados conhecimento sobre: captura em isca das abelhas na Mata; transferencia da abelhas capturadas na isca para as caixas padrão de meliponarios; e montagem de caixinhas para novas colmeias capturadas. Todos os conhecimentos foram trocados com os participantes da formação de maneira tranquila, respeitando os tempos da fala ancestral e com grande capacidade de ouvir todas as dúvidas da comunidade durante as rodas de conversa e nas atividades práticas.
A troca entre os participantes e os formadores foi tão confortável que os participantes começaram um movimento natural de traduzir para a língua Guarani os conhecimentos apresentados em português por William e Aruak. Ao facilitar o acesso desse conteúdo na língua materna, observamos a ainda maior participação de diferentes gerações e nos assegurar que essa oficina compartilhou algo realmente interessante para todo o grupo.
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