Projeto Ma’eputyr 

O programa Polinizando a Regeneração tem suas duas primeiras ideias se transformando em realidade: um projeto liderando inovações baseadas na sabedoria indígena.

Autores: Jonas Guajajara, Tainá Viana e Ana Rosa.
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Este é um projeto muito especial e que teve um longo processo de preparação, afinal ele nasceu de fortes laços de confiança criados durante anos dentro da nossa Rede de Impacto. O projeto acontece na Terra Indígena Araribóia, mais de 400.000 ha em uma região com diversas ameaças à biodiversidade. Vemos o tamanho das ameaças em situações como em 2015, quando cerca de 52% da sua área foi atingida por queimadas. Ao mesmo tempo, o território abriga também os Awá, indígenas isolados considerados por alguns como o povo mais ameaçado do mundo. Essa combinação deixa bem clara a urgência do desenvolvimento de projetos de apoio a atividades regenerativas no local. 

Francisco, Raimundo, Jonas e José Kamu Guajajara participando da Oficina de Idéias durante o I Encontro Meli em São Luís.

Quatro lideranças Guajajara participantes da Rede Meli participaram, em novembro de 2022, juntamente com outras lideranças de comunidades indígenas, extrativistas e campesinas de uma Oficina de Ideias durante um encontro da Meli em São Luís, Brasil. A Oficina de Ideias é a parte inicial do Programa Polinizando a Regeneração, apoiado pela Fundação Rockefeller. Durante essa oficina, as lideranças Guajajara mostraram interesse em oito ideias no total. Sendo o “pódio de idéias”: (1) produção de mudas com sementes coletadas no território, (2) apoio a uma escola indígena na aldeia Barreirinha e (3) criação de abelhas nativas à biodiversidade local, meliponicultura. Foi fácil perceber que estávamos à frente de jovens lideranças indígenas prontas para liderar um projeto inovador para a cooperação internacional.

Em paralelo, a L’Occitane acreditou mais uma vez no impacto da Meli e no final de 2022 iniciamos o segundo projeto de parceria entre L’Occitane e Meli. Esse projeto tem exatamente com foco em duas das três ideais de maior urgência para os líderes Guajajara mencionados: regeneração por meio da produção de mudas com sementes locais e meliponicultura. Dessa forma, foi fácil conectar as ideias Guajajara com mais um importante apoiador no desenvolvimento de suas atividades!

Essas duas ideias dos líderes Guajajara foram, de cara, as duas primeiras ideias levantadas durante a Oficina de Ideias que puderam ser levadas às fases seguintes! O Jonas Guajajara, líderança local e técnico em agroecologia muito ativo na Rede, logo entrou oficialmente no time e já está encabeçando o desenvolvimento de muita coisa por lá: 

Ma’eputyr

O nome Ma’eputyr vem da língua tupi guajajara que significa flor, o órgão reprodutivo que gera posteriormente o fruto que dá origem a uma nova planta. Nesse processo reprodutivo, as abelhas desenvolvem um papel muito importante como polinizadores que contribuem para a manutenção da biodiversidade dos vegetais.

O cultivo de espécies nativas regionais destaca uma qualidade para a produção de sementes e mudas com manejo adequado. Assim, futuramente tudo que for plantado no hoje será colhido por gerações futuras. As abelhas por sua vez serão beneficiadas com a disponibilidade de pólen das flores para produzir o mel e posteriormente trará benefícios, gerando recursos para as comunidades.

Partindo dessa ideia significativa, e analisando os problemas ambientais presentes nas regiões indígenas, o projeto Ma’eputyr tem como objetivo envolver as aldeias indígenas do território Araribóia na produção de mudas de plantas nativas ameaçadas de extinção, proteger a criação de abelhas sem ferrão, e desenvolver assim, o resgate da fauna e flora regional. Com isso, as gerações atuais e futuras poderão conhecer e aprender sobre os cuidados e importância da preservação dos recursos naturais. 

Imagem enviada durante a coleta de sementes

O projeto envolve 10 (dez) aldeias indígenas, de 5 regiões da terra indíigena: 

  • Aldeia Barreirinha – Região Lago Branco
  • Aldeia Toarizinho – Região Lago Branco
  • Aldeia Lago Branco – Região Lago Branco
  • Aldeia Vila Nova – Região Lago Branco
  • Aldeia Zutiua – Região Zutiua
  • Aldeia Buritirana II – Região Abraão
  • Aldeia Abraão – Região Abraão
  • Aldeia Ipiranga- Região Abraão 
  • Aldeia Ponta D`água – Região Ponta D`água
  • Aldeia Arari- Região Angico Torto 

O projeto conta com as seguintes atividades principais:

Jonas Guajajara em uma das visitas

1. Planejamento e reunião com aldeias

Na primeira semana de fevereiro de 2023, foram feitos planejamentos e pesquisas sobre quais aldeias iram participar do projeto. Várias aldeias foram visitadas para reuniões com caciques, coordenadores e comunidades. Assim o Jonas Guajajara apresentou a Rede Melli e o projeto Ma’eputyr, falou como funcionará as ideias e planejamentos, e com isso as pessoas mostraram interesse em desenvolvê-lo na região. 

Jonas Guajajara colhendo sementes de juçara
  1. Coleta de sementes 

Uma importante parte do projeto é a identificação e pesquisa sobre a importância algumas sementes que serão utilizadas na produção de mudas das espécies nativas. As lideranças indígenas selecionaram buscar sementes de:

  • Bacaba- Pinuwa – Oenocarpus balickii F.Kahn
  • Juçara – Zyhar – Euterpe edulis Mart.
  • Buritirana – Murutiràn – Arecaceae Mauritiella
  • Buriti – Muruxi`a – Mauritia flexuosa L.f
  • Bacuri – Pakuri – Platonia insignis
  • Pequi- Peke`a – Caryocar brasiliense
Foto tirada durante a oficina de Mapeo na aldeia Zutwia

3. Uso do Mapeo

Para facilitar atividades como proteção da floresta local e coleta de sementes, a comunidade utilizou o Mapeo, um aplicativo de georreferenciamento e monitoramento de áreas. Através do aplicativo é possível fazer registros das aldeias e tudo que ela possui, também ser avisado quando houver ameaças e invasões no território. Ele traz facilidade tecnológica para os indígenas que realizam um trabalho arriscado de proteção, e com o manuseio dessa tecnologia vai facilitar a comunicação.
Com a ajuda do Luandro e em parceria com a organização Digital Democracy, a Meli ajudou a levou três oficinas (nas aldeias Barreirinha, Lago Branco e Zutwia) sobre o uso dessa ferramenta de grande interesse para os Guajajara.

4. Implementação de viveiros

Viveiros baseados em sabedoria indígena e utilizando o máximo de material local possível! Estamos no planejamento dos viveiros e o Francisco Guajajara acabou de se juntar ao time para fortalecer ainda mais as nossas atividades!

Francisco Guajajara com uma caixa de abelhas nativas

5. Produção de mudas

Com os viveiros prontos, a produção das mudas será ainda mais fortalecida! Agora as comunidades vão ter um espaço pensado exatamente para que as mudas cresçam adequadamente.

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6. Criação de abelhas

Era claro que a criação de abelhas não podia ficar de fora, foi exatamente essa atividade que nos conectou inicialmente com o Jonas. Ele é um grande meliponicultor com um lindo trabalho de proteção e amor pelas abelhas.

Esse projeto tem realmente um potencial imenso e eu estou ansiosa para contar mais sobre o seu desenvolvimento! Fica de olho no nosso blog e na nossa newsletter para acompanhar tudo o que está acontecendo.

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