Luandro compartilha seu diário sobre o trabalho que está desenvolvendo com o povo Tenetehara no território de Arariboia. Agora, a oficina Mapeo foi para a maior aldeia do território, como parte do Polinizando a Regeneração.
O texto foi primeiramente compartilhado via Scuttlebut.
Autor: Luandro
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Em fevereiro de 2023, a Digital Democracy e a Meli [por meio do programa Polinizando a Regeneração] organizaram um terceiro curso de treinamento do Mapeo na Terra Indígena Arariboia, na aldeia Zutwia, a maior do território. Apesar da jornada desafiadora ao longo de uma estrada de terra irregular que levou cerca de duas horas para chegar à aldeia, Jonas, Jó e eu conduzimos um curso de três dias, capacitando os participantes com habilidades de mapeamento participativo e algum conhecimento mais profundo sobre tecnologia e os aspectos políticos dos dados.
Apesar de estar distante dos centros urbanos, a posição estratégica da aldeia, com muitas aldeias vizinhas, facilitou a presença de mais participantes no workshop. Isso permitiu que o evento fosse, de longe, o workshop mais bem-sucedido em termos de participação, considerando o desafio de viajar por um território tão grande que enfrentamos nos workshops anteriores. Mais de 20 homens e mulheres, jovens e idosos, de Zutiwa e de outros vilarejos próximos participaram.
Apesar do acesso limitado à Internet, os participantes adotaram o aplicativo Mapeo como uma ferramenta valiosa para mapear e explorar seu território, especialmente o recurso de mapeamento off-line. Essa funcionalidade permitiu que eles explorassem seu território e navegassem pela floresta mesmo sem acesso à Internet.
Para garantir o acesso ao aplicativo e aos recursos personalizados enquanto estava off-line, usei um endereço DNS falso, mapeo.com, para acessar um servidor local em execução no meu computador. Os participantes podiam se conectar à rede Wi-Fi somente local do computador e fazer download da versão mais recente do aplicativo, de uma configuração personalizada e dos blocos do mapa de fundo.
Essa versão incluiu um mapa base detalhado da Arariboia, incorporando informações de workshops anteriores do Mapeo. Ele usa imagens de satélite e, pela primeira vez, cada participante recebeu esses blocos de mapas detalhados, que incluíam camadas que descreviam os limites territoriais e municipais, projetos de mineração, informações sobre desmatamento e dados do projeto de terras nativas. Esses mapas se mostraram inestimáveis, especialmente para aqueles que interagem regularmente com a floresta e exploram mais profundamente o território.
No último dia, praticamos nossas habilidades no uso do Mapeo explorando o Cerrado, a savana brasileira, próximo à aldeia. A resposta geral dos participantes foi muita positiva, especialmente daqueles cuja subsistência depende da floresta, que também são pessoas com baixo nível de alfabetização, mas que acharam o aplicativo fácil de usar e muito útil.
Esse treinamento foi parte integrante do Projeto Maeputyr [participante do programa Polinizando a Regeneração], que tem como objetivo ajudar a proteger a profunda conexão entre as comunidades indígenas e suas terras ancestrais. O evento também serviu para nos unirmos ainda mais às comunidades e aos líderes locais, para entendermos melhor as necessidades locais e pensarmos juntos em processos que poderiam levar a soluções.
Esse relato é parte de uma série. Você pode ler o primeiro relato aqui e o próximo aqui.
3 Replies to “Oficina Mapeo na aldeia Zutwia”