Luandro compartilha seu diário sobre o trabalho que está desenvolvendo com o povo Tenetehara no território de Arariboia. Neste texto, você poderá conhecer uma ferramenta fundamental para que os líderes da aldeia indígena Barreirinha impulsionem seu trabalho.
O texto foi primeiramente compartilhado via Scuttlebut.
Autor: Luandro
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Primeiro relato.
Próximo relato.
Logo após a oficina na aldeia Lago Branco, Jonas, Jó e eu voltamos para a aldeia deles, Barreirinha, que não é muito longe. Como inicialmente havíamos previsto um número maior de participantes para o Workshop de Mapeo, isso resultou em um excesso de comida. No entanto, isso acabou sendo benéfico, pois acabei passando um mês no território, especialmente na aldeia Barreirinha, onde mora a família de Jonas, e seu pai Raimundo é o cacique.
Um dos problemas urgentes que encontramos na primeira visita foi o acesso limitado à Internet disponível. Anteriormente, eles dependiam exclusivamente da cara internet 4G, que impunha restrições à sua capacidade de se envolver em estudos on-line ou participar de reuniões virtuais. Reconhecendo a importância da conectividade confiável com a Internet, decidimos enfrentar esse desafio.
Durante o dweb-camp 2022, recebi uma generosa doação de equipamentos de @juul, um aliado solidário de sudoroom, na Califórnia. Com ele, estabelecemos uma rede que trouxe acesso à Internet de uma casa pertencente a um aliado Guajajara na cidade de Arame, localizada do outro lado do rio da Aldeia Barreirinha. Essa rede nos permitiu utilizar os benefícios da Internet de banda larga ilimitada, que antes não era acessível à aldeia.
Os equipamentos doados foram: 2x NanoStation M2, 2x NanoStation Loco M2, 2x Ubiquiti LiteBeam 5AC Gen2, 1x TP-Link WDR 3600, cabos Ethernet de boa qualidade.
O processo de implementação envolveu testar estrategicamente os roteadores para o link de 350 m entre rios. Inicialmente, achei que os NanoStation M2s seriam suficientes, mas, para obter velocidade total da Internet, acabamos usando os LiteBeams. Para espalhar efetivamente o sinal de Internet por toda a vila de Barreirinha, usamos o WDR 3600 executando #libremesh e um NanoStation Loco como um AP “burro” conectado por um cabo ao roteador mesh. Essa configuração garantiu que o portal cativo e as configurações de malha ainda funcionassem nesse outro AP. Configurar isso no OpenWRT do Nano Loco foi um pouco incômodo porque ele tem apenas uma porta Ethernet. Aqui estão mais detalhes sobre a configuração.
Isso representou um marco significativo na capacitação da comunidade com acesso confiável e acessível à Internet. Para garantir o gerenciamento sustentável, iniciamos sessões com um grupo dedicado de moradores do vilarejo para apresentá-los ao sistema de controle de Internet #pirania, que emprega o uso de vouchers para gerenciar e distribuir com eficiência o pagamento e o uso da Internet na comunidade. Um processo de tomada de decisão coletiva permitiu que os moradores determinassem um compartilhamento justo e equitativo dos custos da Internet entre eles. Os irmãos Jonas e Jó seriam responsáveis pela conexão entre os rios, gerenciando-a por meio do Ubiquiti Unifi para Android.
Para o melhor uso dessa conexão, foi organizada uma sala de computadores compartilhada para uso da comunidade, e um laptop foi fornecido para o líder do projeto, Jonas Guajarara. Ele disse:
“A aldeia tinha dificuldade para se comunicar e estar ciente de tudo o que acontecia ao seu redor. Agora será mais fácil para a comunidade trabalhar usando a Internet e os computadores, tanto para pesquisa quanto para divulgar nosso trabalho na comunidade indígena de Barreirinha.”
Jonas Guajajara.
A comunidade expressou sua sincera gratidão por meio de inúmeros presentes de despedida para mim, ressaltando o profundo significado desse empreendimento ❤️.
Acho muito valioso dedicar um longo período de tempo, como um mês, para mergulhar nas comunidades. Isso permite o estabelecimento de relacionamentos profundos e duradouros. Durante essa estada de um mês, tive a maravilhosa oportunidade de participar do encontro de jovens na Terra Indígena Araribóia. Foi uma ocasião alegre em que tive o prazer de reencontrar velhos amigos, fazer novas amizades com as quais eu só havia interagido on-line e participar de discussões significativas com vários líderes locais. Além disso, tive a honra de participar de uma celebração tradicional organizada pela comunidade.
Esse relato é parte de uma série. Você pode ler o primeiro relato aqui e o próximo aqui.
4 Replies to “Conectividade na Aldeia Barreirinha”