A Multiplicação das Colmeias 

O projeto Abelhas e Cultura terminou mostrando a grande força da comunidade Parkatejê, na TI Mãe Maria, onde o projeto aconteceu. O estabelecimento do meliponário já gerou desdobramentos com a multiplicação das colmeias e pintura nas novas caixas, mostrando a beleza da arte Parkatejê!

Autora: Ana Rosa. Read in English.

No final de 2021, em parceria com a Associação Indígena Mpaja Mar Kaxuwari Parkatejê e a ACT Brazil, desenvolvemos o projeto Abelhas e Cultura: Meliponicultura e Apoio Cultural na Aldeia Indígena Printi-Pàr (aldeia agora chamada de Tokurykti Jõkrikatêjê). O projeto levou oficinas de Contação de Histórias, Fotografia e Meliponicultura para a aldeia. Além disso, também possibilitou o estabelecimento de um meliponário e um treinamento para a comunidade, fornecido pelo Sávio Coelho, professor do IFPA campus Marabá e especialista na criação de abelhas sem ferrão. De modo muito inspirador, os resultados desse projeto foram multiplicados, contando com muito engajamento e motivação da comunidade.  

A Tuxati Parkatêjê, cacica da aldeia Tokurykti Jõkrikatêjê, liderou não só o início do projeto, mas também foi uma das principais líderes de comunidades a incentivar o início da Rede Meli. Em 2019, antes mesmo da nossa fundação, quando o time que veio a formar a Meli desenvolveu um financiamento colaborativo para atividades de meliponicultura com a aldeia Mojkàràkô (Kayapó), a Tuxati foi a primeira a propor atividades similares também em sua comunidade. A atitude dessa líder, portanto, nos inspirou desde o início dessa organização.

O interesse estava claro, o mel tem um valor fundamental na sua cultura parkatêjê, produtos das abelhas sem ferrão estão presente em seus hábitos. Tuxati nos conta exemplos como em remédios e na produção de Tom, um material presente nas flechas. Com a oportunidade de parceria com a ACT Brazil, vimos o momento ideal para desenvolver um projeto com essa comunidade. 

Imagem: Primeira Oficina de Meliponicultura na IT Mãe Maria.

Antônio Guajajara, também morador da aldeia Tokurykti Jõkrikatêjê, tomou para si a responsabilidade de liderar o meliponário , buscando beneficiar toda a comunidade. Ele cuida do espaço com muita dedicação. Segundo Antônio: “o que me motiva é saber das inúmeras vantagens em ser criador de abelhas sem ferrão: ajudamos o meio ambiente, tem baixo custo de implantação e manutenção, é fácil multiplicação dos exames”. A facilidade do cuidado e da multiplicação desses enxames acontece pelo trabalho que o povo Parkatejê realiza para proteger o seu território, fazendo com que as abelhas estejam em um ambiente biodiverso, possuindo uma rica alimentação. 

Hoje em dia, o meliponário já conta com mais de 60 colmeias, multiplicadas das 40 originais, oferecidas pelo projeto. O Antônio completa: “as abelhas que criamos são abelhas nativas do Brasil. Além de ser uma força gigantesca para fauna e flora, conseguimos obter diversos produtos como mel, pólen, própolis e cera. Com isso conseguimos gerar renda de uma atividade que traz inúmeros benefícios para a comunidade e o território indígena Mãe Maria”. 

Na multiplicação das colmeias, toda comunidade participou. As crianças ajudaram na preparação das caixas das abelhas e as mulheres pintaram as caixas das abelhas com desenhos do povo parkatejê, deixando um visual lindo para o espaço! “[Isso foi feito] para colocar uma marca da comunidade, da pintura corporal que usamos nas festas”, nos disse a Tuxati Parkatêjê. Ela, sua irmã, suas filhas e suas noras, participaram desse trabalho em conjunto, mostrando mais uma vez a força que tem o meliponário por ser um espaço compartilhado com toda a aldeia. 

É lindo ver também como as abelhas têm muito a nos ensinar. Quando perguntei o que o Antônio mais gostava em trabalhar com as abelhas, ele respondeu: “o que mais me desperta o prazer é a maneira interessante de como elas se organizam socialmente entre elas, o mundo das abelhas é fantástico”. Ficamos muito felizes com as boas notícias do desenvolvimento desse projeto e da continuidade do mesmo. É muito inspirador acompanhar os frutos de ideias tão significativas, tanto para as comunidades, quanto para a natureza, e são nesses momentos que sentimos que o nosso trabalho vale muito a pena. 

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