Os preparativos para a oficina em sistemas agroflorestais na aldeia Zutiwa, terra indígena Araribóia, estão a todo vapor! Será um momento histórico compartilhado com camponeses e representantes de cinco povos indígenas.

Autora: Ana Rosa. Read in English

Entre os dias 14 e 16 de setembro, vai acontecer a oficina de Agrofloresta na aldeia Zutiwa, maior aldeia da terra indígena Araribóia, em co-construção com os facilitadores Rafael Lopes e Paulo Henrique Nenevê, da Rizosfera Consultoria Agroflorestal; o presidente da Meli Brasil, Jonas Guajajara; o líder da Brigada Lago Branco, Francisco Neto Guajajara, os caciques da aldeia Zutiwa e diversas outras lideranças da terra indígena Araribóia.

Encontros que reúnem diferentes comunidades engajadas na Rede são momentos de muita troca e festa, que motiva essa rede ainda mais. Em julho de 2022, a Meli estabeleceu uma nova tradição na Rede: Oficinas Práticas de Conexão com o Solo. A primeira edição aconteceu na comunidade Frei Henri, em Curianópolis, Pará. Essa foi a primeira oficina multi-comunidades da Rede Meli, com participantes vindos de comunidades indígenas, campesinas e extrativistas.

Imagem: Foto durante oficina em Agroecologia na comunidade Frei Henri

A dona Reni Lourenço, moradora da comunidade Frei Henri, foi uma das principais organizadoras do evento do ano passado e disse que gostou muito da “união entre as comunidades, vontade de aprender e ensinar, o respeito e o carrinho com as nossas diferenças.” Ela destacou também a participação de Francisco e Jonas, dois líderes do evento desse ano: “a alegria do Jonas e seus companheiros. Eles sempre com cuidados em aprender coisas novas, o Franciscos contando as histórias e ajudando em todos os trabalhos, e agora eu quero ver como é o trabalho deles, quero aprender o que eles têm para nós ensinar”. Na segunda edição de uma oficina dessa linha, é a vez deles receberem a dona Reni! 

Após a oficina do ano passado, cada participante voltou para sua comunidade com muito aprendizado, multiplicando esses saberes de diversas formas. O Francisco Neto Guajajara, morador da aldeia Zutiwa, foi um dos participantes e disse que gostou de ter aprendido sobre “os tipos de solo, como recuperar uma área degradada, espaçamento entre as mudas, a idade certa de plantio das mudas e como preparar o solo” e também da conexão entre a terra e a alimentação saudável: “Eu gostei muito das aulas de alimentação saudável (…) Gostei de experimentar naqueles dias comer somente alimentos naturais”. 

Imagem: Divulgação com foto de sistema agroflorestal desenvolvido por Brigada da região Lago Branco

Após quase um ano da oficina na comunidade Frei Henri, o Francisco, agora líder da Brigada contra incêndio florestal na região Lago Branco, iniciou um sistema agroflorestal com os demais participantes da brigada. Ao perguntarmos como tem sido essa experiência, e relacionando o desenvolvimento de sistemas agroflorestais na Arariboia com os aprendizados durante a oficina no Frei Henri, ele nos disse “fazer aquilo que aprendi lá [na oficina de agroecologia na comunidade Frei Henri], me faz ter mais experiência nessa área, não está sendo muito difícil. Vamos tentar melhorar em cada oportunidade”. 

Essa oficina será ainda mais especial por acontecer no território Arariboia, casa de alguns integrantes muito inspiradores para a Rede Meli desde o seu início. Estamos animados para as trocas entre participantes vindos de comunidades tão diversas.