Conexões regenerativas: a importância do elo entre universidade e comunidades

As relações entre UFRA Campus Parauapebas e comunidade campesina Frei Henri se fortalecem com mais uma visita, marcando o início de um trabalho em conjunto.

Autora: Daniela Ribeiro.
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É uma satisfação conectar parcerias que beneficiam ambos parceiros com um objetivo regenerativo. Assim a Meli se sente ao unir UFRA Parauapebas e Comunidade Frei Henri e ver mais uma rica conexão sendo fortalecida pela nossa rede a fim de que haja uma cooperação mútua para sustentar uma produção agroflorestal regenerativa.

A comunidade Frei Henri está localizada na PA 275 entre as cidades de Parauapebas e Curionópolis, no sudeste do Pará. Ela fica localizada a cerca de 10km da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Parauapebas, onde encontramos cursos como de Engenharia Agronômica e Engenharia Florestal.

Como parte da Rede Meli, a comunidade Frei Henri realizou uma Oficina de Ideias como parte do programa Polinizando a Regeneração durante uma visita do time da organização. Umas das principais ideias levantadas na ocasião se refere à busca de soluções para as dificuldades enfrentadas durante a época de estiagem.

“Precisamos da ajuda de profissionais. Precisamos [de apoio] para produtores com pouco estudo ou até analfabetos. Melhorar nossa produção e acabar com venenos, fogo e agrotóxicos.”

Reni Lourenço, agricultora da comunidade Frei Henri

Foto: Oficina de idéias (04.12.2022), comunidade Frei Henri.

Com o chamado da comunidade, verificamos a importância do conhecimento técnico para enfrentar essa situação. Diante disso, a Meli contactou professores da UFRA Campus Parauapebas interessados em apoiar comunidades com atividades de extensão acadêmica. O professor Rafael Costa atendeu prontamente ao pedido e organizou um grupo de professores, iniciando uma boa parceria entre a academia e a comunidade.

No dia 29 de Março de 2022, um grupo de alunos das UFRA, integrantes dos cursos de Engenharia Agronômica e Florestal, se deslocaram, juntamente com os docentes responsáveis, para a comunidade Frei Henri a fim de iniciar as etapas iniciais do projeto de enfrentamento das dificuldades ocorrentes durante a estiagem por meio de uma atividade de extensão acadêmica.

“A visita permitiu a vivência prática daquilo que é trabalhado em sala de aula alinhado com a realidade da sociedade, com a agricultura familiar na região. Também permite vivenciar a interação entre  áreas e conteúdos, possibilitando a multidisciplinaridade

Adriana Griebeler, docente: Sistemas Agroflorestais,
Engenharia Florestal

Foto: Visita de preparação (10.12.2022) UFRA na comunidade.

Os docentes envolvidos e responsáveis pela atividade ministram, aos alunos participantes, disciplinas inteiramente ligadas ao contexto da comunidade como Irrigação e Drenagem (Prof. Rafael Costa), Sistemas Agroflorestais (Prof. Adriana Griebeler), Topografia, Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento (Prof. José Nilton) e  Desenvolvimento Agrário na Amazônia e Economia da Produção Agroflorestal (Prof. Leônidas Velloso).

Os alunos foram divididos em grupos e visitaram 8 áreas de famílias participantes da comunidade e ligadas ao projeto. Com a orientação dos professores, eles levantaram informações necessárias para dar início ao projeto.

“Foi uma experiência única! Eu visitei pessoas incríveis que gostam do que fazem, querem aprender mais a manejar seus cultivos para além dos seus conhecimentos e isso é um dos pilares essenciais para quem quer melhorar sua produção. As pessoas de lá são muito receptivas, eu não tinha visitado o assentamento antes, apenas ouvia sobre e é totalmente diferente do que ouvi, gostei muito de Frei Henri!”

Ana Beatriz Monteiro, 8° período de Engenharia Florestal
Foto: Visita UFRA na comunidade Frei Henri (29.03.2023)

As principais atividades envolviam o levantamento das características das áreas de produção, a partir da identificação e espaçamento das culturas agrícolas e florestais já presentes ou que futuramente serão cultivadas, bem como a marcação dos pontos geográficos das áreas, locais de captação de água e distância da captação para a produção. No que se refere à composição vegetal das áreas produtivas, foi realizado levantamento acerca da presença ou não de Sistemas Agroflorestais, reunindo uma série de informações, como as características da região, local e do grupo familiar, o histórico de implantação do SAF, a caracterização do próprio SAF, como idade, modelo, composição de espécies e espaçamentos, descrição das atividades de implantação e dos tratos culturais de manutenção, se há produção e qual o destino.

Fotos: Exemplos de atividades durante visita (29.03.2023)

Todas essas informações serão importantes para subsidiar as características do projeto de irrigação que será instalado em cada área, de acordo com as necessidades, além da formulação de uma matriz SWOT (FOFA) dos locais visitados, a fim de analisar e descrever as possíveis forças, fraquezas, oportunidades e ameaças relacionadas à implantação/condução dos Sistemas Agroflorestais ali presentes. 

Após a coleta de dados e o encerramento das atividades houve o acordo de retorno futuro com informações à comunidade acerca do que foi levantado, e já com uma próxima visita agendada ao assentamento para o dia 27 de abril para dar continuidade às atividades de implantação do projeto. Oportunidade essa que será, e que de fato em partes já tem sido, uma excelente oportunidade de desenvolvimento mútuo, tanto dos discentes da UFRA em colocar em prática e aprenderem novos conhecimentos por meio da realidade do campo, quanto da comunidade Frei Henri, e mais especificamente dos participantes do projeto, que terão a oportunidade de sanar boa parte das dificuldades enfrentadas.

Ouvindo um pouco as pessoas envolvidas na atividade, visualizamos o quão importante foi a visita para o desenvolvimento e aprendizado mútuo. Os campesinos sendo beneficiados com um apoio multidisciplinar e os professores com muita vontade de apoiar as iniciativas sustentáveis e pioneiras.

“Ter o contato com produtores familiares e ver a vivência e experiência deles no campo e na produção, além da luta que eles carregam, é algo que todos os estudantes e profissionais das agrárias deveriam viver ao menos uma vez.”

Ana Beatriz Monteiro, 8° período de Engenharia Florestal

“É saber que estamos sendo vistos, olhados com bons olhos. Isso nos alegra.”

Reni Lourenço, agricultora da comunidade Frei Henri

Fotos: Visita UFRA na comunidade Frei Henri (29.03.2023).

Fica uma porta aberta também para futuras parcerias, como o cultivo do Jaborandi nos SAFs que chamou atenção a professora Adriana Griebeler. No momento a colheita de jaborandi é feita de forma extrativista na região. Ela vê como importante o incentivo a implantação em áreas de produção e as pesquisas para analisar seu desempenho, entendendo o pioneirismo na atividade.

Ainda que haja um longo caminho a percorrer para fortalecer a produção dos moradores da comunidade, os primeiros passos que já foram dados. A conexão da academia com os produtores já se mostram bastante relevantes e com muitos benefícios tanto para os produtores, quanto para os estudantes e professores. Espera-se que, futuramente, ambos colham bons resultados dessa conexão, principalmente a comunidade Frei Henri conseguindo melhores resultados produtivos a partir de um manejo sustentável.

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