Estudo do pólen. Vamos aprender sobre o que as abelhas tanto amam!
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Autora: Luiza Romeiro.
Primeiramente, é importante sabermos a origem das palavras, e a palavra palinologia é de origem grega e tem o significado de “mistura fina”, fazendo analogia ao pollen do latim, cujo significado é “farinha fina”. Com isso, já conseguimos visualizar o principal objeto de estudo e uma das suas principais características.
Os estudos sobre os grãos de pólen começaram a evoluir com a melhoria nos equipamentos ópticos a partir do século XIX e XX, tendo em vista que até esta época os microscópios utilizados eram rudimentares. Assim, este estudo passou a ter importância na identificação de algumas famílias e gêneros de plantas, na descoberta das alergias causadas pelo pólen nas pessoas e no reconhecimento do grão de pólen como um ótimo guia fóssil, sendo isso possível pois, a exina, camada externa do grão de pólen, é formada de esporopolenina uma substância com grande estabilidade química que confere aos grãos resistência. Atualmente, o estudo do grão de pólen passou de um simples apêndice da Taxonomia Vegetal para constituir uma ciência à parte, a PALINOLOGIA, que comparada a outras ciências ainda é muito nova (GASPARINO e CRUZBARROS, 2006).
A Palinologia é importante por sua interdisciplinaridade e por apresentar várias aplicações, sendo considerada uma das ferramentas mais eficazes para a reconstituição de ambientes pretéritos (BARTH et al., 2010). De acordo com Gasparino e Cruz-Barros (2006) a palinologia abrange aplicações, como:
- Geopalinologia – estudo de pólen e esporos encontrados em sedimentos fósseis e atuais;
- Aeropalinologia – estudo de pólen e esporos presentes na atmosfera, relacionados ou não com casos de alergias em seres humanos;
- Melissopalinologia – estudo de pólen apícola ou meliponícola em amostras de mel;
- Paleopalinologia – estudo de grãos de pólen, esporos, acritar-as e quitinozoários fósseis encontrados em resíduos insolúveis resultantes de tratamentos físicos e químicos em rochas sedimentares;
- Copropalinologia – estudo de pólen e esporos presentes em fezes de animais;
- Palinotaxonomia – estudo taxonômico em plantas através das características polínicas;
- Palinologia forense – estudo de polén e esporos de plantas associada á biologia forense
- Entomopalinologia – estudo das interações entre insetos e plantas. Dessa forma, ela pode ser aplicada em vários outros campos da ciência como a paleoecologia, bioestratigrafia, sistemática vegetal e arqueologia (LIMA- -RIBEIRO; BARBERRI, 2005).
Uma das aplicações mais realizada é a “Paleoecologia”, pois o pólen é o principal recurso proteico usado por abelhas (MICHENER, 1974). Por essa razão, o conhecimento dos tipos polínicos coletados por elas são de extrema importância e necessidade para determinação das relações mantidas com plantas de uma determinada área, estabelecendo o potencial produtivo e definição das possibilidades de manejo, considerando-se que a variabilidade da flora permite uma apicultura ou meliponicultura sustentáveis e rentáveis (MARQUES et al., 2011). Além disso, em uma perspectiva mais prática, as análises polínicas permitem a padronização de méis produzidos por Apis mellifera e abelhas sem ferrão e na avaliação da qualidade do mel (BARTH, 1989). E esses dados tornam-se essenciais devido aos incentivos direcionados ao desenvolvimento da meliponicultura e à possibilidade de comercialização de mel (PINTO et al., 2012).
A partir do microscópio óptico é feita a visualização e consequentemente a classificação dos grãos de pólen (CORREIA, 2016). Todavia, já tem se utilizado a microscopia eletrônica de varredura para obter informações mais detalhadas sobre o grão de pólen (QUINTA, 2013; SILVA et al., 2014). Uma vez que, a acetólise de Erdtman (1952) é a técnica de manipulação mais empregada nesse tipo de análise, para observar em microscópio óptico. Nessa técnica é realizado uma hidrólise ácida aos grãos de pólen por meio de uma mistura de anidrido acético e ácido sulfúrico, procurando a exclusão do conteúdo celular, para simplificar a observação e o reconhecimento das características morfológicas do grão de pólen, que são importantes em estudos de sistemática e filogenia de plantas (MARTINS, 2010; OSTERKAMP; JASPER, 2013).
Por fim e não menos importante, assim como todos materiais biológicos, o pólen também possui a sua coleção, que armazena dados polínicos a partir de lÂminas de referência, as chamadas “Palinotecas”. As mesmas são de extrema importância para qualquer estudo palinológico, contribuindo com as pesquisas e projetos nas mais variadas áreas de aplicações da palinologia, como por exemplo sendo suporte para estudos palinotaxonômicos (EVALDT; PAZ; BAUERMANN, 2014; BAUERMANN; NEVES, 2005). Apesar da extensa contribuição, ainda há poucos investimentos nesse tipo de acervo, quando comparado com outros, e na maioria das vezes, as palinotecas refletem, em diferentes níveis, as floras regionais (ABSY; RODRIGUES, 2013; NOVAIS et al, 2014).
Atualmente existem alguns sites com palinotecas digitalizadas, com fotos e informações de áreas de estudo, o que auxilia na identificação das espécies a partir do pólen e expande o conhecimento acerca das variedades das características morfológicas. Outras fontes que dão suporte são os livros, atlas e catálogos de pólen que também estão disponíveis. Tudo isso é essencial para qualquer estudo de aplicação da palinologia. Uma ciência nova, capaz de contribuir com eficácia e excelência nos estudos da biodiversidade.
2 Replies to “Vamos aprender mais sobre a Palinologia?”