Você conhece a diversidade de abelhas que existe?

No nosso planeta existem tantas espécies de abelhas! Espécies que são tão differentes em termos de aparecimento ou de socialização! Mas o que mesmo faz as abelhas e a diversidade delas?

Autora: Patrícia Nunes-Silva
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Nem todo mundo sabe que há milhares de outras espécies além da abelha listrada de preto e amarelo, a abelha melífera Apis mellifera. Menos gente ainda sabe que essa abelha não é nativa do Brasil, sendo introduzida no país durante a colonização do país. Então, quantas espécies há no mundo? Conhecemos cerca de 18 mil e estima-se que haja ao redor de 20 mil, sendo que destas 1600 ocorrem no Brasil.

Outro fato que também não é muito conhecido pelas pessoas é que a maioria das abelhas não são sociais. Essas espécies são chamadas de abelhas solitárias e as fêmeas vivem sozinhas, fazendo todo o trabalho para a construção de seu ninho. Quando essa fêmea termina a construção do ninho, ela parte para construir outro ou morre antes de seus filhos emergirem de suas células de cria. A única interação social entre adultos é durante o acasalamento. É importante citar que não há apenas espécies solitárias e sociais, mas sim há um gradiente de socialidade, havendo espécies comunais, por exemplo, cujas fêmeas compartilham um mesmo ninho, mas cada uma cuida das suas células de cria. Ou espécies quasissociais, que além de compartilhar o ninho, cooperam no cuidado da prole, ou seja, cuidam coletivamente de suas crias, por exemplo. Além da grande diversidade em número de espécies, há uma grande diversidade de comportamentos. 

Apenas cerca de 15% das espécies são sociais, isto é, apresentam sobreposição de gerações, cuidado cooperativo da prole e divisão de trabalho reprodutivo. Isso significa que as abelhas sociais vivem em colônias compostas de indivíduos de diversas idades e os indivíduos (operárias) cuidam colaborativamente da cria. Além disso, nessas colônias há apenas uma fêmea que se reproduz, a casta reprodutiva que é conhecida como rainha. As operárias geralmente não se reproduzem e são responsáveis por todo o trabalho que permite a existência da colônia.

As abelhas estão divididas entre famílias, sendo que o número de famílias existentes varia de acordo com o taxonomista (pesquisador que classifica as espécies). No Brasil existem cinco famílias de abelhas: Andrenidae, Apidae, Colletidae, Halictidae e Megachilidae. Assim como  a diversidade de comportamento social, a diversidade de tamanhos e cores e modos de vida também é enorme. As abelhas mais conhecidas pelas pessoas pertencem à família Apidae, como a A. mellifera, as mamangavas Xylocopa spp., também conhecidas como abelhas carpinteiras, e Bombus spp., apesar de muitas vezes as pessoas acharem que as mamangavas são de outras ordens de insetos, como Coleoptera (besouros).

Entre as abelhas sociais que ocorrem no Brasil estão as abelhas da tribo Meliponini (meliponíneos), conhecidas como abelhas sem ferrão. Essas abelhas ocorrem nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo mais diversas na regiões tropicais. Conhecemos cerca de 500 espécies de abelhas sem ferrão no planeta e estima-se que exista pelo menos mais 100 que ainda não foram descritas. O Brasil apresenta uma grande diversidade de meliponíneos, onde ocorre 244 espécies e há cerca de 89 ainda não descritas. Dessas espécies, 87 são endêmicas, ou seja, ocorrem apenas no país e correspondem a 20% da diversidade de abelhas sem ferrão neotropicais. Além disso, dois gêneros, Friesella e Trichotrigona, só foram registrados no Brasil.

É importante destacar que, ao contrário de A. mellifera, as abelhas sem ferrão são nativas do Brasil. É um tesouro de diversidade de cores, tamanhos, formas, comportamentos, modos de vida, estruturas de ninhos e associações com outros organismos, sem mencionar a variedade de méis, pólens e própolis que essas espécies produzem. Além da diversidade de plantas que essas espécies visitam e polinizam, fazendo as plantas prosperarem e produzirem alimentos para outros animais, como nós. É o potencial da meliponicultura, que é a criação racional de meliponíneos. Proteja nossa diversidade de abelhas, proteja nossas abelhas sem ferrão.

Referências:

Michener, C. D. (2000). The bees of the world.  The Johns Hopkins University Press; Baltimore, USA and London, UK. 913 pp.

Michener, C. D. (2013). The meliponini. In: Vit, P., Pedro, S. R., & Roubik, D. (Eds.). Pot-honey. Pot-honey: a legacy of stingless bees. Springer, New York, NY. pp. 3-17.

Pedro, S. R. (2014). The stingless bee fauna in Brazil (Hymenoptera: Apidae). Sociobiology, 61(4), 348-354.

Silveira, F. A., Melo, G. A., & Almeida, E. A. (2002). Abelhas brasileiras. Sistemática e Identificação. Fundação Araucária, Belo Horizonte. 253 pp.

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